A partir de 2005, sim, as coisas melhoraram, ao ponto de termos saudades de uma época que, afinal, nem é tão distante assim. Renault, Ferrari, McLaren, Brawn, um revezamento bem-vindo – e raro --, até a disparada da Red Bull, só freada por um novo regulamento que a Mercedes aproveitou melhor do que todo mundo.
Gostar ou não desses domínios depende um pouco das preferências pessoais. Há uma certa beleza na competência. Pode aborrecer um pouco, mas como não admirar equipes e pilotos capazes de estabelecer domínios longevos? Se transformam em objetivos, nos caras que têm de ser batidos.
Portanto, nenhuma novidade na fase que a Mercedes vive, e que uma hora vai acabar. O problema é que a F1 hoje tem concorrência – outros esportes, outras atividades, outras formas de lazer. E a previsibilidade é vista com olhos menos complacentes por um público que se renova e que se não está gostando do que vê, não tem paciência para esperar pela próxima fase. Troca de produto. Simples assim.
Essa é a crise da F1 atual. O produto não é tão diferente do que sempre foi, mas as pessoas já não se satisfazem com ele. Para piorar, é uma categoria de compreensão cada vez menor para quem não é letrado na história do esporte.
Ainda assim, produz bons espetáculos. Talvez com frequência menor, e é por isso que seus agentes batem cabeça ano a ano pensando no que fazer para torná-la mais atraente. A última mudança radical de regulamento foi um desastre, com a adoção, em 2014, de um pacote técnico muito interessante do ponto de vista da engenharia, mas indecifrável para os leigos e para uma audiência que só se interessa por aquilo que é fácil de entender e rápido de consumir. Ficar duas horas na frente da TV sabendo o desfecho de um evento é tarefa para amantes incondicionais. E o mundo tem cada vez menos gente disposta a isso.